Enquanto motoristas de São Luís desviam de buracos, se equilibram entre faixas apagadas e rezam pra não cair num semáforo apagado, um outro tipo de “engenharia” anda funcionando a todo vapor: a engenharia das multas.
Em grupos internos de agentes de trânsito, surgiu um ranking nada oficial que virou piada (ou pesadelo) entre os servidores. O quadro mostra quem mais aplicou autuações durante o mês, e pasme: tem servidor batendo mais de 1.300 multas em 30 dias. É multa pra mais de 40 motoristas por dia, sem feriado, sem domingo, sem dó.
A tabela, dividida por setores como Fiscalização, Operações e Videomonitoramento, expôs uma espécie de “corrida do ouro” entre os agentes. Cada um tentando mostrar serviço, como se o trânsito da capital fosse um jogo de pontuação. E enquanto isso, o caos urbano segue firme e forte: ruas sem sinalização, paradas de ônibus destruídas e congestionamentos que desafiam a paciência até de santo.
Entre os próprios agentes, o desconforto é evidente. Muitos veem a prática como uma forma de humilhação e pressão velada para “produzir números”, em vez de promover um trânsito mais humano e organizado.
A SMTT, por sua vez, finge que não viu, e o povo, claro, sente no bolso.
Em tempos em que São Luís parece ter esquecido o básico da mobilidade, o tal ranking soa mais como uma confissão pública: não existe gestão de trânsito, existe uma planilha de autuações em prol de pura arrecadação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário